terça-feira, 11 de novembro de 2014

Dica de leitura: Que é informação? Por Robert K. Logan.

A Editora PUC-Rio, em parceria com a Editora Contraponto, lança o livro Que é informação?, de Robert K. Logan. O autor busca o conceito de informação com o próposito de provocar uma reflexão sobre o termo “informação” em diversos campos como a biologia, física e comunicação.

Um dos desafios do livro foi cruzar as fronteiras da disciplina e tentar criar um diálogo entre as ciências humanas e sociais, por um lado, e as ciências naturais, por outro, utilizando a informação como uma ponte, conectando-as.

Que é informação? descreve a natureza da informação, sua relação com os elementos da cultura simbólica humana e investiga o papel desempenhado pela cultura nesses organismos vivos. Detalha ainda o modo em que a informação permeia a ciência, o suporte do livro e as artes.

O livro mostra a função da informação nas quatro esferas de influência na vida humana: a de organismos vivos; a que consiste a linguagem, a mente humana e todos os produtos da mente incluindo a cultura; a da tecnologia; e a da economia e do governo.

O bibliotecário como mediador de leitura


O mediador de leitura, o elo entre o leitor e o texto, deve ater-se como em um intermediar, um existir entre, onde permite que a interpretação flua, pois o leitor deve desbravar as veredas do texto até o horizonte de significações possíveis. Não como um condutor, pois ele não leva o leitor ao significado, dito de outra forma, não há significado estático, único e exclusivo (ADOLFO, 2007, p.29).
O resultado da procura é a compreensão integral do objeto estético. Bordini e Aguiar (1993, p.87) argumentam que, para isso, quanto mais o texto se torna distante do que é esperado, pelo hábito, altera os limites desse horizonte ampliando-o e “isso ocorre porque novas possibilidades de viver e de se expressar foram aceitas e acrescentadas às possibilidades de experiência do sujeito.”
Pois, “ler é descobrir e redescobrir o mundo re-criado pelo artista” (ADOLFO, 2007, p.29), logo, o leitor já deve ter um estoque simbólico para construir uma representação do mundo do escritor. Ficando assim estipulado, então, no processo de leitura do texto, lê-se também o autor e o seu tempo com seus conflitos internos, seus embates, dúvidas e convicções (ADOLFO, 2007, p.26).
Assim como para Bordini e Aguiar (1993, p.10), esse acesso aos mais variados textos, permite a “ampliação do conhecimento que daí decorre permite-lhe compreender melhor o presente e seu papel como sujeito histórico”, tendo como resultado uma “tessitura de um universo de informações sobre a humanidade e o mundo que gera vínculos entre o leitor e os outros homens”.
Cabe ao mediador fazer com que o leitor veja o mundo lapidado pelo autor, e fazer com que tal mundo, emerja até a percepção do leitor sobre seu próprio mundo com pistas acerca do contexto da obra, que preencham as lacunas do conhecimento prévio do leitor, nas palavras de Silveira (2014, p.7), “o mediador de leitura não ministra competências de leitura, ele reforça-as.”
Miller (1995, p.86) esboça três preceitos para uma ética da leitura, das quais duas primeiras são sobre a obra e o profissional e terceira sobre tradução e a possibilidade de ler os originais, após fomentar a dúvida na traduções sugere: “se temos a esperança de descobrir de que se trata devemos nós mesmos ler o livro, no original” (MILLER, 1995, p.88). Discussão importante atestado pelo provérbio italiano traduttore tradittore (algo como, o tradutor é um traidor), mas vai além do que aqui é proposto, ainda mais, levando em consideração que o Brasil não tem na sua cultura a característica de ser um país bilíngue e, um curso de idiomas particular ainda ser algo, além da realidade econômica de muitos.
A primeira, a ética para obra literária, resulta no momento da escolha da obra, o autor sugere uma fidelidade com a significação da obra, um respeito “à exigência das palavras na página” e não atribuí-la o qualquer significado que se queira. A segunda centrada na filologia e pelo estudos da linguagem, o autor salienta a necessidade de haver um “amor pela linguagem”, etimologia grega para filologia, atendo-se a um “cuidado com a linguagem e com o que a linguagem pode fazer.” Com isso, o ensino da “boa leitura” implica na “boa escrita”, configurando assim, na “base no que seja linguagem e no que ela pode fazer” e o que é capaz de ser feito ou não com ela, que permitirá a reflexão da literatura “na moralidade social e individual, na história e na execução da política pública” (MILLER, 1995, p.87).  
O profissional da informação, como mediador, não deve “apenas fazer circular textos de leitura, pelo contrário, o bibliotecário deve ser cúmplice efetivo e afetivo do leitor, se dispondo a discutir e trocar idéias a respeito do que lê” (ALMEIDA JÚNIOR; BORTOLIN, 2008, p.72). Não de forma autoritária, como afirma Yalom (2009, p.191), ao conceituar a terapia “como um processo de crescimento e esclarecimento pessoais, considerando que o recurso à autoridade é contraproducente”, com base na transparência afetiva, na relação entre ambos, criando um vínculo sincero. “Portanto, os mediadores interessados em uma mediação eficiente, devem ser empáticos; para que posicionados no lugar do outro (leitor), possam percebê-lo com maior nitidez” (ALMEIDA JÚNIOR; BORTOLIN, 2008, p.72). 

Referências
ADOLFO, Sérgio Paulo. Literatura e visão de mundo. In: REZENDE, Lucinea Aparecida (Org.). Leitura e visão de mundo: peças de um quebra-cabeça. Londrina: Eduel, 2007. p. 23-36

ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de; BORTOLIN, Sueli. Mediação da informação e da leitura. In: SILVA, Terezinha Elisabeth da (Org.). Interdisciplinaridade e Transversalidade em Ciência da Informação. Recife: Néctar, 2008. p. 67-85.
BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: a formação do leitor (alternativas metodológicas). 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
MILLER, Joseph Hillis. A ética da leitura: ensaios 1979-1989. Rio de Janeiro: Imago, 1995.

TCC da Depressão

   É o trabalho desenvolvido com o objetivo de efetuar uma avaliação final dos graduandos, que contemple a diversidade dos aspectos de sua formação universitária. Normalmente o TCC envolve pesquisa experimental em cursos de caráter profissional, pesquisa bibliográfica e/ou empírica, além da execução em si e apresentação do projeto perante banca examinadora. 

   Este é o critério final de avaliação do aluno: em caso de reprovação, o aluno estará impedido de obter o diploma e conseqüentemente exercer a respectiva profissão até que seja aprovado. Embora a expressão "trabalho de conclusão de curso" possa ser utilizada em meios que não os da graduação universitária, no Brasil ela está invariavelmente ligada ao ensino superior. 

   O formato do TCC (assim como sua própria nomenclatura) variam entre os diversos cursos e entre diferentes Instituições, mas na estrutura curricular brasileira ele possui papel de destaque: em cursos ligados às ciências, normalmente é um trabalho que envolve pesquisa experimental, em cursos de caráter profissional, normalmente envolve: pesquisa bibliográfica e/ou empírica, a execução em si e muitas vezes apresentação à Banca Examinadora. 


Referências:

A Web Semântica e suas contribuições para a Ciência da Informação


   Em meados dos anos 90, com a criação da WorldWide Web, ou Web, uma interface mais amigável ao usuário, começa a surgir uma imensa quantidade de informações disponíveis online. Com esse estopim de informação, surge a necessidade de se criar um sistema mais “inteligente” para lidar com esse conteúdo, tornando também mais eficaz a recuperação desta informação. A partir dessa necessidade, surge então a Web Semântica, um projeto que pretende criar padrões de linguagens, permitindo que sistemas de informação e outros dispositivos possam compartilhar dados entre si de uma maneira mais expressiva. Para atingir este objetivo, foi preciso desenvolver algumas linguagens que melhor representasse o conteúdo de um documento, que são o XML (ExtensibleMarkupLanguage), o Dublin Core e o RDF (ResourceDescription Framework).  O XML se concentra na descrição dos dados de um documento, sendo uma linguagem aberta a adaptações de desenvolvedores independentes. Já o padrão Dublin Core é um projeto para criação de um vocabulário controlado para uso na web, partindo da idéia de que a busca pelos recursos de informação deve ser independente do meio em que ela estará armazenada. Quanto ao RDF, este parte para a descrição dos dados por meio de um esquema de triplas (onde cada recurso está associado a uma dupla de propriedade e valor), permitindo a descrição de qualquer recurso da Internet. O RDF ainda está em estudo para que sejam feitas descrições de forma mais inteligente e menos repetitiva. No contexto da Ciência da Informação, estes padrões de linguagens utilizados pela Web Semântica que melhor representam o conteúdo dos documentos representam uma nova etapa chamada “Interoperabilidade”. Ou seja, diferentes sistemas de informação podem se comunicar, facilitando o compartilhamento e a recuperação da informação, uma vez que, através da semântica, buscadores poderão ser fundamentados na “forma de pensar” dos seres humanos. 
   Em suma, a Web Semântica é um avanço no desenvolvimento da internet, que vem auxiliar os sistemas de informação utilizados por profissionais da área da Ciência da Informação, principalmente pela organização do conteúdo disponível na rede. 

Referências:  

SOUZA, Renato Rocha. ALVARENGA, Lídia. A Web Semântica e suas contribuições para a ciência da informação. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.1, p. 132-141, jan./abril 2004.
Introdução ao Dublin Core

   Com a crescente demanda de documentos compartilhados em formato eletrônico, tornou-se indispensável o desenvolvimento de padrões que descrevam os recursos de informação. Neste aspecto, surge o Dublin Core MetadateInitiative (DCMI), cujo objetivo é propor um padrão de descrição de recursos de informação.
   O Dublin Core nasce em Chicago, na 2ª Conferência em World Wide Web (WWW), no mês de outubro de 1994, onde Yuri Rubinsky, Stuart Weibel e Eric Miller, ambos da “Online Computer Library Center” (OCLC), juntamente com Joe Hardin, da “National Center for SupercomputingApplications” (NCSA), provocaram uma discussão sobre semântica e web. Este questionamento fez com que a NCSA e a OCLC organizassem um evento chamado “OCLC/NCSA Metadata Workshop”, em 1995, com o propósito de discutirem como um recurso semântico para recursos baseados na web, poderia ser útil para pesquisa e recuperação de recursos na internet. (DESAI, 1997).
   O DCMI, criado no 1º workshop, tem a função de criar mecanismos que facilitem a recuperação de recursos na internet utilizando-se de padrões de metadados. Criado neste contexto, o Dublin Core (DC) é um conjunto de quinze elementos, que tem o objetivo de descrever um recurso eletrônico. O padrão DC se caracteriza por:
  • Simplicidade: o padrão DC pode ser facilmente gerado pelo criador do documento, sem extensos treinamentos.
  • Interoperabilidade Semântica: aumenta-se a possibilidade de interoperabilidade entre áreas, através da existência de um modelo em comum.
  • Consenso Internacional: o DCMI conta com a participação de mais de 20 países em colaboração.
  • Extensibilidade: permite que novos elementos possam ser acrescentados, sempre pensando em atender a necessidade de descrição de um determinado recurso.
  • Flexibilidade: possui elementos opcionais, podem ser repetidos e modificados se necessário.    
   
Referências: 

DESAI, B. C. Supporting discovery in virtual libraries. Journalofthe
American Society for Information Science, v. 48, n. 3, p. 190-204, 1997

SOUZA, Marcia Isabel Fugisawa; VENDRUSCULO, Laurimar Gonçalves; MELO,Geane Cristina. Metadados para a descrição de recursos de informação eletrônica: utilização do padrão Dublin Core. Ciência da Informação, v. 29, n. 1, 2000. 
Catalogação? 

   O motivo de existirem as bibliotecas está na necessidade de atendimento da necessidade informacional do usuário, em relação á registros do conhecimento. O usuário deseja e procura ter acesso a algum conhecimento, específico ou não, sem distinguir o suporte onde está a informação, sendo papel do bibliotecário fazer esta mediação entre o usuário e a informação. É ai que entra a Catalogação, pois, como se tornaria possível a localização de um conteúdo específico em um universo de informações reunidas? (MEY, 1995).
Com o auxílio da catalogação, este processo de localização da informação torna-se facilitado, pois, sua principal função é a de representar o item, destacando suas características, assim, tornando-o acessível e passível de recuperação. Podemos definir catalogação da seguinte maneira:
“... catalogação como o estudo, a preparação e a organização de mensagens, com base em registros do conhecimento, reais ou ciberespaciais, existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, visando a criar conteúdos comunicativos que permitam a interseção entre as mensagens contidas nestes registros do conhecimento e as mensagens internas dos usuários.” (Mey; Silveira, 2010).
   Com o avanço das tecnologias de mídia e comunicação, novos suportes de informação estão se tornando indispensáveis para a disseminação da informação e do conhecimento, como é o caso dos materiais audiovisuais, onde a catalogação, segundo Machado, Helde e Couto (2007) vem ganhando espaço como uma importante ferramenta para o compartilhamento de recursos informacionais, que hoje é possível com a utilização, por exemplo, do protocolo Z39.50. 

Referências: 
MEY, Eliane Serrão Alves. Introdução à catalogação. 1995.

MEY, Eliane Serrão Alves; SILVEIRA, Naira Christofoletti. Considerações teóricas aligeiradas sobre a catalogação e sua aplicação. InCID: revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 1, n. 1, 2010. 
MACHADO, Elisa Campos; VON HELDE, Rosangela; COUTO, Sabrina. Ensino de catalogação: da teoria à prática. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, Nova Série, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 100-106, 2007. 
O Documento Audiovisual no contexto da Biblioteconomia

   O documento audiovisual localizado em acervos de bibliotecas necessita de uma atenção especial. Como é rotineiro, os usuários vão à biblioteca em busca de informações “escritas”, deixando de lado os materiais audiovisuais, que, em muitas das vezes, poderiam auxiliá-lo em sua pesquisa. Justamente pela falta de utilização destes materiais, muitas vezes os mesmos são armazenados inadequadamente, e, sem tratamento técnico algum, o que posteriormente dificultará sua localização, são remanejados para o depósito da instituição. Mas, será este realmente o problema, a falta de procura por parte do usuário em relação ao material em questão?
   Segundo Smit (1993), os documentos audiovisuais não recebem o tratamento adequado por parte do profissional que atua na área, muitas vezes, por falta de conhecimento dos respectivos processos técnicos que devem ser aplicados a esses materiais. Assim, acabam se tornando um problema tanto para o profissional, quanto para o usuário ou público que se utiliza dos serviços da biblioteca. 
   Para a Ciência da Informação (CI), o material audiovisual é essencial no processo de construção do conhecimento. É usado como suporte de comunicação, disseminação e produção da informação, sendo este, um meio que pode ser armazenado, disseminado e recuperado por sistemas digitais. De acordo com Le Codiac (2004, p.4), o conceito de informação pode ser entendido como um conhecimento inscrito (registrado) em forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual em qualquer suporte. O documento audiovisual se utiliza de um tipo de informação em suas mensagens: a estética. A estética segue uma teoria da sociologia que busca conhecer o receptor, ou o criador, de acordo com a cultura de cada um, mostrando os valores que são transmitidos na mensagem, que são definidos como intraduzíveis (MOLES 1978). Diante deste contexto, a CI pode apoiar estudos sobre a informação estética, já que, segundo Silva (2006, p.38) “a Ciência da Informação compreende o dar forma às idéias e emoções (informar); bem como, a troca efetiva dessas idéias e emoções entre seres humanos (comunicar)”. 

Referências:

SMIT, Johanna W. O documento audiovisual ou a proximidade entre as 3 Marias. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 26, n. 1/2, p. 81-85, 1993.
LE COADIC, Yves-François. A ciência da informação. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2004.

MOLES, Abraham. Teoria da informação e percepção estética. Brasília, DF: Editora da Universidade de Brasília, 1978.

SILVA, Armando Malheiro. A Informação: da compreensão do fenómeno e construção do objecto científico. Lisboa: Afrontamento, 2006


Conceituação sobre Audiovisual

   Para se iniciar o seguinte trabalho, é necessário apresentarmos algumas definições do termo “audiovisual”. Em consulta ao Dicionário Aurélio Online, encontramos uma simples definição, que “diz respeito simultaneamente ao ouvido e à vista”, e outra um pouco mais aplicada, que “Diz-se do que pertence ao método ativo de ensino fundamentado na sensibilidade visual da criança e que utiliza a apresentação de imagens, de filmes e de gravações”. Segundo CEBRIAN HERREROS (1983), os vocábulos "áudio" e "visual" teve origem americana, na eclosão das técnicas de som e imagem. Isso sucedeu por volta dos anos 30, nos Estados Unidos. No Brasil, o termo provavelmente teve seu uso em meados dos anos 50, tendo posteriormente várias outras derivações do termo.
   Materiais audiovisuais são parte fundamental do registro de toda a informação produzida atualmente, sendo fundamental preservá-los para recuperação futura. Dieuzeide (1965) conceituou o termo audiovisual como um meio eletrônico de registro e divulgação de mensagens sonoras e visuais que apresentam certos conhecimentos.
   De acordo com o dicionário HOUAISS, 2001, Audiovisual é o que pretende estimular os sentidos da audição e da visão ao mesmo tempo. Em uma segunda definição, diz se audiovisual o meio que se utiliza de som e imagem na transmissão de mensagens. No contexto da biblioteconomia, onde catalogamos algo, temos de tratar o audiovisual como um documento. Assim, Documento Audiovisual define-se como “um gênero documental que utiliza como linguagem básica a associação de som e imagem”. (BELLOTTO, CAMARGO, 1996.). Para os autores Cunha e Cavalcanti (2008), existe uma subdivisão de documento audiovisual, chamada documento Icônico Audiovisual. Neste sentido, documento audiovisual é o que reproduz imagens e sons em qualquer suporte, e sempre estará acompanhado de um equipamento apropriado para a sua reprodução. Já o documento Icônico Audiovisual é referido como o não escrito, ou não textual, onde o conteúdo do documento está relacionado ao ato de ver, de ouvir e de tocar. Deste modo, estão diretamente ligados aos sentidos da visão, audição e tato.
Os documentos não textuais podem se utilizar de apenas um sentido (a audição, a visão e o tato) ou podem utilizar mais de um de modo simultâneo.
   Considerando as afirmações anteriores, para considerarmos um documento como sendo “audiovisual”, ele deve trazer consigo dois tipos de informação: a auditiva e a visual, sendo desconsiderados os documentos ou outros que não se utilizam destes recursos.
   Num contexto histórico, ESHELMAN (1977) diz que os materiais audiovisuais ganharam destaque durante a Segunda Guerra Mundial, e posteriormente, sua utilização foi inserida no sistema de ensino devido aos resultados positivos obtidos. 

Referências: 

http://www.dicionariodoaurelio.com/audiovisual


ESHELMAN,W.  R.Audio-visual  aids:  fall out from McLuhanGalaxy.  In:BOYLE,  D. (ed.) Expanding media. Phoenix: Onyx Press, c 1977.

CEBRIAN-HERREROS, M.Fundamentos de la teoria y técnica dclainformación
audiovisual. Madrid: Mezquita, 1983. 2 v. 

DIEUZEIDE, H. Lestecniquesaudiovisuellesdansl'enseignement. Paris: Puf,1965.

CUNHA, M, B, da; CAVALCANTI, C, R, O. Dicionário de Biblioteconomia e
Arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos Livros. 2008.

CAMARGO, A, M, de A; BELLOTTO, H, L (Coord.). Dicionário de terminologia
arquivística. São Paulo: Associação dos Arquivistas Brasileiros, Núcleo Regional de
São Paulo; Secretaria de Estado da Cultura, 1996. 142 p.

HOUAISS, A; VILLAR, M, S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Objetvo, 2001. 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Leitura curativa

  Desde tempos remotos, a literatura, na forma de mitos, era utilizada com finalidades curativas, isso é, para resolver angústias e outros problemas na esfera da psique/alma. "Durante séculos os seres humanos usaram mitos, contos de fadas e o folclore para explicar os mistérios da vida e torná-los suportáveis - desde por que as estações mudam até o enigma da morte, passando por complexas questões de relacionamento" (GREENE; SHARMAN-BURKE, 2001, p.9). Dentro desses contos, mitos e fábulas estão reunidos símbolos de sabedoria "que durante séculos se recusaram a se deixar mutilar, desgastar ou matar" (ESTÉS, 2005, p.11). Segundo a Drª Clarissa Pinkola Estés (2005, p.11), os contos são eternos, pois sobrevivem a massacres, opressões políticas, ascensão e queda de civilizações, etc. Devido o fato dos seres humanos sentem-se atraídos pelos contos místicos. Pois, os símbolos neles contidos retratam complexos, "centros de energia construídos em torno de um cerne de significado afetivo" (KAST, 2013, p.47) e tem em como cerne os arquétipos (KAST, 2013, p.136), que "são, por assim dizer, expressão da 'natureza humana', do ser humano" (KAST, 2013, p.137).  

  Muitas vezes é o pensamento linear e racional, não permite que se alcance o cerne da questão e os contos (e mitos) estão aí com "uma misteriosa capacidade de conter e transmitir paradoxos, permitindo-nos enxergar, em volta e acima do dilema,o verdadeiro cerne da questão" (GREENE; SHARMAN-BURKE, 2001, p.9). Nas palavras de Kast (2013, p.48), "os complexos se tornam visíveis nos símbolos, por meio de fantasias". "Um conto convida a psique a sonhar com alguma coisa que lhe parece familiar", mas são conceitos de origens distantes no tempo, que ao mergulhar no conto revisam seus significados, os "conselhos metafóricos sobre a vida da alma" (ESTÉS, 2005, p.12-3).

  Em suma, é na projeção dos significados emocionais, veiculados pelos símbolos, que o leitor pode trazer a consciência seus complexos, e vendo no outro (no conto, no mito e/ou na literatura) é que ele poderá se ver e aprender a se relacionar com suas angústias em um movimento de integração das características inconscientes ao eu, o tornando assim, emancipado das angústias e dos atos inconscientes carregados de emoções mal assimiladas.         
  
 Referências

ESTÉS, Clarissa Pinkola, Contos dos irmãos Grimm. Rio de janeiro: Rocco, 2005.
GREENE, Liz; SHARMAN-BURKE, Juliet. Uma viagem através dos mitos: o siginificado dos mitos como um guia para a vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
KAST, Verena. A dinâmica dos símbolos: fundamentos da psicoterapia junguiana. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.  

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Vidas entre livros

“Sempre imaginei que o paraíso será uma espécie de biblioteca.”

Este texto é uma rápida visita à memória das personalidades que dedicaram a vida para os livros e suas obras a respeito das mesmas. Diversos livros, ensaios, crônicas e afins tratam sobre a paixão de alguns homens - que atuaram como  bibliotecários, bibliófilos, escritores e professores - se dedicaram aos livros e a leitura.

José Mindlin, nascido em 8 de Setembro de 1914, que ao completar 95 anos era dono de um acervo com cerca de 40 mil volumes, considerado a maior e mais influente biblioteca pessoal do país. Seu acervo compreendia obras de literatura brasileira e portuguesa, relatos de viajantes, manuscritos históricos e literários, periódicos, livros científicos e didáticos, iconografia e livros de artistas. Um ano antes de sua morte, em 2009, escreve seu No mundo dos livros,no intuito de, como nas palavras do autor em um livro anterior,  “através desta história, poderia talvez estimular em outros o amor ao livro, e, principalmente, o amor à leitura.”
Mindlin, nesta obra, discorre sobre a importância da leitura e fala sobre as obras que marcaram sua vida.

Rubens Borba de Moraes, bibliotecário, bibliófilo, entre diversos feitos na direção da Biblioteca Nacional e a Biblioteca Municipal de São Paulo e uma extensa bibliográfia sobre a literatura e história nacional. Pública  em 1965 a sua “prosa de um velho colecionador para ser lida por quem gosta de livros, mas pode também servir de pequeno guia aos que desejam formar uma coleção de obras raras, antigas ou modernas”, subtitulo que figura o “O bibliófilo aprendiz”. Uma prosa para a iniciação à bibliofilia. Tratando das experiências em busca dos livros raros, livros raros no Brasil e sobre o Brasil (sua maior dedicação em vida) até encadernações e Imprensa.

Plínio Doyle, bibliófilo conhecido por ser o anfitrião do Sabadoyle, encontro semanal entre escritores, poetas e intelectuais no Rio de Janeiro. Iniciado com Carlos Drummond de Andrade, reuniu durante mais de trinta anos diversas personalidades. Em 1999 pública seu único livro, Uma vida, autobiografia que narra além da afeição pelos livros, sua amizade Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava.       

      Gostaria de finalizar essa breve prosa com as palavras de despedida de Rubens em seu livro, pois “prosa sobre livros não tem fim.” Ainda recomenda que se cuidar da vida é apenas ganhar dinheiro é melhor que pare. “Ganhar muito dinheiro pode dar enfarte. Sempre haverá o bastante para comprar-se um livrinho ambicionado”
E “não vive verdadeiramente quem não gosta de dar uma prosa com um amigo ou ler um livro com vagar.”

Afinal, o que faz o profissional bibliotecário?


Biblioteconomia, em si, é a ciência que estuda aspectos como a disseminação da informação, representação, uso e bem como a sistematização da mesma. Mas , afinal, o que faz o profissional Bibliotecário?
O profissional em Biblioteconomia trabalha com atividades de organização, tratamento, análise e recuperação da informação em diferentes formatos e suportes físicos. Com o advento das tecnologias dos últimos tempos, o profissional da informação vem modificando o estereótipo da profissão. Tradicionalmente, a atuação rotineira se dava em bibliotecas e centros de documentação, o que nos dias de hoje caiu por terra. Frente aos novos meios de comunicação e tecnologias, vivemos uma ampliação da atuação tradicional para a automatizada, junto á sistemas de cooperação entre bibliotecas e redes de informação, públicas ou empresariais, organização de arquivos digitais e as várias formas de normalização de documentos. Cabe ao profissional a responsabilidade de planejar e gerenciar sistemas de informação, além de preservar os suportes para que resistam ao uso e as constantes modificações sofridas com o avanço da tecnologia.
Conceituando o termo, Bibliotecário é o profissional que medeia a necessidade informacional e as informações que satisfaçam a necessidade do usuário. Essa necessidade informacional deve ser conhecida ou procurada. As informações estão espalhadas, perdidas na rede ou em acervos não catalogados e compartilhados, por isso, a necessidade de se organizar, armazenar, preparar e tornar disponível a todos essa informação, de uma maneira que esta possa ser recuperada de maneira fácil e eficiente. O mercado de trabalho está evoluindo, e junto com ele, surge um emaranhado de informações que precisam ser tratadas. O bibliotecário ganha a cada dia o seu espaço!

REFERÊNCIAS:


Etimologia e uma breve história da Biblioteconomia


A inicio a Biblioteconomia se confunde com a história da própria produção de registros do conhecimento e com a necessidade intrínseca de salvaguardar e recuperar esses registros. A Biblioteconomia então ocupa um lugar na sociedade antes desta conceder-lhe um nome. O surgimento das primeiras bibliotecas em um movimento iniciado no Oriente durante a Idade Antiga até uma expansão mais significativa pelo ocidente já durante a Idade Média. Podem ser citadas, na Antiguidade, a biblioteca de Alexandria e a de Pergamo, como as propulsoras do que viria a se transformar no formato tradicional de biblioteca
Existem problemas iniciais com o termo Biblioteconomia, que se podem explicar, mesmo que não justificar: a) a raiz biblio, derivada de biblion, não significa absolutamente livro; origina-se do grego, quando nem remotamente existia algo assemelhado a um livro; porém, referia-se à cidade de Biblos, produtora do papiro, material utilizado para escrita à época, em rolos (tipo barra de rolagem); b) a palavra grega théke significa “caixa” e, por extensão, qualquer contêiner onde o material bibliográfico se encontre: estante, sala, edifício (cf. Edson Nery da Fonseca (4)); c) os sufixos -nomo, -nomia e -nômico derivam-se do grego -nomos, - nomia, -nomikos, e se aplicam a normas, regras, administração (por exemplo: agronomia, economia). Portanto, a grosso modo, pode-se dizer que, segundo sua origem etimológica, a Biblioteconomia consistiria no conjunto de normas, regras ou leis para locais onde se guardam registros do conhecimento, ou na administração destes.
Uma definição muito pobre e acanhada para uma profissão de tal importância, respeitada no mundo inteiro. Talvez por sua origem etimológica, talvez pelas veneráveis instituições físicas, marcos arquitetônicos de prestígio, poder e cultura das nações, a Biblioteconomia continuou sempre, até o final do século XX, com sentido geográfico, espacial, vinculado aos edifícios-bibliotecas. A Profa. Cordélia Robalinho Cavalcanti, certa vez, disse que chamar os profissionais da Biblioteconomia de bibliotecários corresponderia a chamar os médicos de “hospitalários.
A história da Biblioteconomia se data desde o surgimento da Biblioteca de Alexandria em 288 a.C., criada com a finalidade de reunir e classificar todos os conhecimentos registrados em forma documental. Outras bibliotecas também extremamente importantes para a história da profissão são as bibliotecas da Idade Média, inseridas nos conventos e nos mosteiros, também denominadas bibliotecas monásticas, onde o acesso era restrito ao clero e a nobreza, que acreditavam que ao ter toda a fonte de conhecimento, teriam também o poder.
No Renascimento, surge um novo tipo de biblioteca, também conhecidas como particulares. Essas são consideradas as precursoras das bibliotecas modernas, cuja uma das características é a acessibilidade dos livros ao público. Mais tarde, cria a Imprensa e a laicização do conhecimento. Os diferentes períodos da História trouxeram acontecimentos que marcaram e refletiram-se em épocas vindouras.
A História da Biblioteconomia revela por aspectos relevantes que hoje comentados ou discutidos fazem-nos refletir melhor o porquê de determinadas práticas cotidianas.
Referências 
http://www.ofaj.com.br/textos_conteudo.php?cod=264